O Dia Mundial da População, instigou o Projeto Meros do Brasil a responder à pergunta do título. Leia e confira aqui o que sabemos sobre as populações de meros ao longo da costa brasileira
Somos mais de 7 bilhões de pessoas no Planeta. No Brasil, de acordo com o último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), éramos mais de 190 milhões. Ontem, foi o Dia Mundial da População, e nós também gostaríamos de responder: Quantos meros existem no Brasil?
Essa não é uma tarefa fácil mas para chegar à uma resposta possível, o Meros do Brasil utiliza diversas fontes de informação:
- dados populacionais históricos baseados no conhecimento de pescadoras e pescadores profissionais e amadores;
- números de capturas e desembarques quando disponibilizados por programas oficiais de estatística pesqueira;
- monitoramento de artes de pesca que podem capturar a espécie incidentalmente;
- estimativas de observação direta com censos visuais subaquáticos e sistemas de vídeo remotos com utilização de iscas;
- plataformas de mídias sociais
- e ciência cidadã através de dois canais onde qualquer pessoa pode relatar avistagens de meros: Programa de Pesquisa Participativa e Fisheye Ciência Cidadã.
Um trabalho contínuo e de longo prazo, uma vez que, como não se consegue contar quantos meros existem no mar, precisamos recorrer ao uso de modelos para estimar a sua ocorrência.
Os dados disponíveis variam muito por causa da ampla distribuição da espécie, encontrada do sul dos Estados Unidos ao sul do Brasil no Oceano Atlântico Ocidental. E por causa disso, conseguir estimativas precisas das quantidades de meros é extremamente difícil, e responder quantos meros existem no Brasil é uma tarefa quase impossível.
O que sabemos então?
Ao longo da costa, temos diferentes realidades de populações de meros. Para avaliar os números, o Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, compara dados de períodos distintos em cada região onde existem registros de mero. E assim, chegamos às seguintes conclusões:
Até agora, conseguimos observar que a espécie começa a ser avistada em lugares que havia praticamente desaparecido. Mas, nos locais onde temos monitoramento de longo prazo (13 anos em média, em Pernambuco, no Espírito Santo, Paraná e em Santa Catarina) as estimativas são de estabilidade, mas o número de meros ainda é muito baixo se comparado com os registros históricos.
Como pode ser consultado na ficha de avaliação do Ministério do Meio Ambiente elaborada para a espécie, disponível no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção o mero sofreu um declínio significativo das populações com porcentagens que variam entre 37,5% e 100% dependendo da região do Brasil, durante os últimos 65 anos.
Considerando toda a área de distribuição da espécie do Norte ao Sul do país, o que podemos responder até o momento é que a redução da população de meros no Brasil foi superior a 80%.
Para salvar uma geração de meros são necessários, em média, 21 anos (IUCN, 2011). Não sabemos em números quantos meros foram salvos desde a proibição da sua captura no Brasil em 2002, e ainda temos um longo caminho pela frente para que possamos dizer que as populações de meros no Brasil estão a salvo. No entanto, cada mero que deixa de ser capturado traz uma nova esperança para a recuperação da espécie. Vamos fazer nossa parte?
Como eu posso contribuir?
Como mencionado no início do texto, com a ciência cidadã qualquer pessoa pode contribuir relatando avistagens de meros por meio de dois canais: Programa de Pesquisa Participativa (PPP) e Fisheye Ciência Cidadã.
Para participar do PPP é muito simples. Se você mergulhou e viu um mero, compartilhe conosco fotos ou vídeos desse encontro com os meros. Você pode enviar os seus registros para o e-mail participemeros@gmail.com, via Direct ou Messenger para os nossos perfis nas redes sociais Instagram e Facebook, e também via mensagem para o Fale Mero, utilizando o aplicativo WhatsApp. O número é o +55 (48) 99940-2109. Por esse canal, também é possível relatar encalhes de meros ou avistagens em áreas de manguezal e também em alto-mar.
Agora, se você é pescadora ou pescador amador, contribua com o Fisheye Ciência Cidadã. Um aplicativo, disponível para download nos sistemas Android e iOS, onde você pode ajudar registrando suas pescarias.
As informações nos ajudam a estimar as populações de meros ao longo da costa e também a ampliar o conhecimento sobre a espécie através de outros métodos de pesquisa. Colabore!
Crédito imagem: Áthila Bertoncini