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Workshop discute preservação do peixe Mero e dos ambientes marinhos

O projeto “Meros – Estratégias para a Conservação de Ambientes Costeiros e Marinhos do Brasil” patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, realizou seu primeiro Workshop entre os dias 14 e 16 de junho, reunindo representantes das instituições parceiras dos quatro pontos focais em que o projeto está sendo realizado: Bahia (Associação de Estudos Costeiros e Marinhos dos Abrolhos – Ecomar), Pernambuco (Instituto Recifes Costeiros – Ircos), São Paulo (Instituto Ambiental Vidágua) e Santa Catarina (Universidade do Vale do Itajaí – Univali). Além da gerente de projetos ambientais da Petrobras, Leyla Maciel, de organizações parceiras, representantes de órgãos públicos, de comunidades pesqueiras, ribeirinhas, movimento artístico e a comunidade em geral.
O projeto pretende tornar o gigante Mero, em uma referência para preservação de ambientes marinhos e costeiros do Brasil, através de ações de conservação, gestão ambiental, pesquisas sobre a espécie, trabalhos de educação ambiental e conscientização, na tentativa de proteger o peixe e seu habitat, estimular alternativas sustentáveis de geração de renda, como eco-turismo e artesanato, tendo a espécie como foco central.
Os dois primeiros dias do encontro foram focados para o público interno do projeto – coordenadores, consultores, assessoria de imprensa, técnicos, educadores ambientais, estagiários, mergulhadores e monitores locais, para discussão das expectativas e definição de estratégias e processos administrativos.
Além disso, os coordenadores dos quatro pontos focais apresentaram um histórico da importância ambiental de cada região e a sua relevância local para preservação do Mero.
Em São Paulo, o projeto está centrado na região do Vale do Ribeira – Iguape, Cananéia e Ilha Comprida. O coordenador da área focal, Clodoaldo Gazzetta, lembrou que a região concentra o maior remanescente de Mata Atlântica do Estado, e mais de 50% da área está dentro de Unidades de Conservação. Já em Pernambuco, as ações são realizadas nos municípios de Formoso e Tamandaré. A coordenadora, Beatrice Ferreira, explicou que a área é privilegiada: conta com a APA (Área de Proteção Ambiental) Costa dos Corais, a maior do país, com 413 mil hectares. Na Bahia, a área para ações de pesquisa e conservação da espécies abriga o Parque Nacional Marinho de Abrolhos – maior biodiversidade do atlântico sul ocidental. Além disso, segundo o coordenador do ponto focal e gerente-executivo do projeto, Paulo Beckenkamp, a área a ser trabalhada compreende o Complexo Estuarino do Cassurubá, área de manguezais com 11 mil hectares, localizado entre Caravelas e Nova Viçosa, onde cerca de 350 famílias de ribeirinhos vivem do extrativismo. Já em Santa Catarina, local que deu inicio as ações de preservação do Mero em 2002, as atividades têm continuidade em São Francisco do Sul, região em que já foram identificados pontos de agregação da espécie, segundo o coordenador do ponto focal e responsável técnico pelo projeto, Mauricio Hostim.
No sábado, dia 16, o evento ocorreu no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos e contou com a participação de parceiros, pescadores e comunidades tradicionais, que contribuíram com o debate sobre a preservação da espécie e de seu habitat. O projeto foi apresentado aos participantes, e os pescadores tiveram a oportunidade de relatar suas próprias experiências com o Mero e compartilhar o conhecimento com os técnicos envolvidos no projeto.
Durante o encontro, foi lançado também o “Programa Multi-institucional de Conhecimento Ecológico Local”. Segundo o coordenador do programa, Leopoldo Gerhardinger, as ações previstas vão nortear toda a equipe do projeto no envolvimento e uso do conhecimento e práticas dos pescadores e mergulhadores do Brasil na pesquisa e conservação dos Meros e ambientes associados. Ele explica que as informações dos pescadores em cada ponto focal irão ajudar, por exemplo, na identificação das áreas de ocorrência do Mero em todo o litoral brasileiro. E os pescadores estão dispostos a participar da empreitada. Albino Santana Neves, pescador da Reserva Extrativista do Corumbau, agradeceu a ajuda dos pesquisadores. “A preservação tem que ser feita realmente na comunidade. Nós queremos que os cientistas se aproximem e consigam explicar, principalmente aos pescadores mais jovens, a necessidade de preservar o meio ambiente, até para que a gente continue tendo o peixe para pescar”. Por outro lado, o pescador reconhece que seu conhecimento também pode contribuir com o trabalho dos pesquisadores.
O evento revelou uma oportunidade de rever a portaria do Ibama 121 de 20 de setembro de 2002, que proibiu a pesca e comercialização do Mero por um período de cinco anos. Como o prazo está expirando, o grupo deve enviar uma solicitação de prorrogação da portaria, para que sejam realizados estudos suficientes sobre a espécie. Segundo o responsável técnico pelo projeto, Mauricio Hostim, o desenvolvimento do projeto “Meros do Brasil” vai justamente em busca deste conhecimento.
Na ocasião, também foram elencados os pontos principais para composição do Plano de Ação e Conservação da espécie, que será elaborado ao longo dos dois anos do projeto.
Alem das apresentações, palestras, discussões e troca de experiências, o Workshop também teve uma programação cultural intensa, com participação do grupo de capoeira regional e samba de roda Malícia, demonstrações de Mero em entalhes de madeira e vernissagem com os quadros do artista plástico Itamar dos Anjos, que representou o Mero, “Senhor das Pedras”, em pintura com técnicas de pontilhismo, inspirado na cultura afro-indígena. O movimento cultural ArteManha, parceiro no projeto “Meros do Brasil”, fechou o evento com uma apresentação na Praça da Olaria, bairro periférico de Caravelas, que envolveu teatro, musica e dança, com referências aos ambientes marinhos, recifais e mangues, colocando o Mero como personagem principal do espetáculo. E assim deve ser.

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