Aquário de São Paulo e Projeto Meros do Brasil somam esforços pela conservação dos meros através de um estudo inédito e inovador
Em mais uma parceria importante, o Aquário de São Paulo e o Projeto Meros do Brasil estreitaram os laços pela conservação marinha e dos meros. Além de ações de educação ambiental que já vinham sendo realizadas em conjunto, agora, as instituições somam esforços para fazer pesquisa e dar sequência às primeiras tentativas de reprodução dos meros em cativeiro – um estudo inédito para a espécie no Brasil.
Há quase 10 anos, em São Paulo, a equipe do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, vem trabalhando para isso. De acordo com o professor e pesquisador do Instituto de Pesca, Dr. Eduardo Gomes Sanches, coordenador do Meros no estado e responsável pelos estudos com reprodução dos meros em cativeiro, “apesar do grande conhecimento e das expressivas conquistas acumuladas em todos estes anos de esforços de pesquisa, um dos grandes desafios ainda é a formação de um plantel de reprodutores”.
Um desafio para o Projeto Meros e para toda a comunidade científica que ainda não registrou na literatura a formação de tal grupo em condições artificiais (ex situ). Para a continuidade da pesquisa ainda precisamos responder perguntas básicas, como: de que forma ocorre a formação do plantel em cativeiro? É realmente possível que os meros se reproduzam nos tanques? Na busca dessas conclusões, a parceria com o Aquário de São Paulo surge como uma oportunidade de avançar.
Até então, os raros exemplares de meros mantidos nos tanques do Laboratório de Piscicultura Marinha do Instituto de Pesca e o reduzido volume desses espaços (com aproximadamente 10 mil litros d’água) apesar de não serem prejudiciais ao bem-estar dos meros, impediam seu crescimento e a manifestação dos comportamentos reprodutivos da espécie – neste caso específico a formação de um plantel. Agora “a disponibilidade de um tanque oceanário de grande volume, com aproximadamente 160 mil litros, proporcionará condições ideais para a manutenção de um grupo de matrizes de meros”, explica o professor Sanches.
Tanque oceanário onde os meros ficarão expostos.
Uma notícia a ser comemorada. Afinal, se conseguirmos finalmente estabelecer um grupo de meros reprodutores poderemos responder às questões que seguem em aberto na ciência para a espécie, e teremos a oportunidade de desenvolver estudos complementares para trazer novas informações acerca de práticas de bem-estar animal, do comportamento reprodutivo do mero e de outros aspectos que ampliarão o conhecimento de todos sobre esse gigante do mar.
“A parceria com o Aquário de São Paulo traz diversas sinergias. Temos a união de equipes técnicas especializadas que proporcionam ganhos científicos pela multidisciplinaridade de conhecimentos, e temos a chance de potencializar as ações de educação e sensibilização ambiental já que mais pessoas terão a chance de ver um mero, conhecê-lo e possivelmente compreender a importância da conservação desta espécie ameaçada”, destaca Sanches.
Para a formação do plantel do Aquário de São Paulo, os trabalhos estão em andamento, com as coletas dos exemplares sendo realizadas com o auxílio de pescadores artesanais parceiros. E de acordo com o professor Sanches, essa parceria é fundamental para o sucesso do projeto e para a continuidade da vida dos meros.
“Envolver a comunidade pesqueira permite participação, ampliação do acesso ao conhecimento local e maior efetividade das ações. Paralelamente a comunidade consegue de fato participar das atividades para conservação da espécie. O conhecimento científico precisa ser disponibilizado para as comunidades tradicionais. E os saberes destas comunidades precisam integrar as ações de conservação. Somente assim poderemos garantir a presença dos meros nos estuários e oceanos para as próximas gerações” conclui.
A coleta dos meros é realizada mediante a licença 77982-1 concedida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por se tratar de espécie ameaçada e que possui portaria específica que proíbe a captura, transporte e comercialização.
Todos os passos deste estudo (de 2012 até aqui) também foram amparados por licença concedida pelo MMA e ICMBio.
Crédito imagens: Leonardo Bueno e Aquário de São Paulo