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No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarava oficialmente ao mundo o estabelecimento da pandemia do novo coronavírus. De lá para cá, a doença impôs uma nova realidade de vida e expôs muitas desigualdades entre a população global.
Com as mudanças provocadas pela covid-19, enquanto uma parcela da população tenta se adaptar à educação à distância, ao trabalho em home office, e à permanência em suas casas em tempo quase integral, outra fração encontra dificuldades em atender às recomendações básicas e imprescindíveis para evitar o contágio, como o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização constante das mãos.
Mas a pandemia não trata apenas disso. O desafio na prevenção e controle da doença, para algumas comunidades, passa pelas diferenças entre as classes sociais que foram acentuadas nesse período. E ainda, além da desigualdade social, temos que levar em conta as diferenças culturais, e a saúde mental e emocional de todas as pessoas em tempos de confinamento.
Com o problema notório, a pandemia resultou no resgate de valores como a dedicação ao próximo, o cuidado com os idosos e uma onda de gestos de solidariedade. A sociedade tem se organizado para auxiliar pessoas em circunstâncias vulneráveis e também para reforçar a todos os que tem condições, que, se possível, mantenham-se em suas casas pelo bem de quem não dispõe desse privilégio.
E nós do Projeto Meros do Brasil, o que temos feito?
O Instituto Meros do Brasil, Organização da Sociedade Civil realizadora do PMB que é patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, em conjunto com seus parceiros ( Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Pernambuco e Instituto Recifes Costeiros, Universidade Federal de Alagoas, Movimento Cultural Arte Manha, UFES/CEUNES, Instituto de Pesca, Museu de História Natural Capão da Imbuia e Instituto Comar) também está engajado em colaborar com iniciativas relacionadas à prevenção e mitigação aos diversos efeitos da pandemia. Estimamos que até o momento, nossas ações tenham abrangido aproximadamente 10 mil pessoas de forma direta.
Desde abril temos divulgado informações que apoiam a prevenção e compartilhado conteúdo técnico cientifico através das plataformas digitais. Ainda, durante o mês de junho, realizamos uma mobilização nacional para doações em sete dos nove pontos focais de atuação.
Equipamentos de Proteção Individual como luvas e máscaras, protetores faciais (face shields), além de kits de higiene e alimentos (cestas básicas) foram adquiridos e entregues à instituições de caridade/apoio/voluntários que trabalham com idosos, pessoas em situação de rua e em estado de vulnerabilidade social, comunidades indígenas, e associações de localidades com população carente.
Em Belém (PA), vendedores de feiras, pessoas que trabalham nas ruas, e os funcionários de uma escola municipal que seguem mantendo atividades com as crianças mais carentes, receberam aproximadamente 200 máscaras (à esq.). Em Tamandaré (PE), trabalhadores de diversos segmentos ligados ao mar, receberam máscaras e protetores faciais (face shields) (à dir.)
Em Penedo (AL), a doação de cestas básicas foi para a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora que auxilia a comunidade local (à esq.). Em Salvador (BA), o PMB apoiou a distribuição de 300 refeições. A iniciativa foi da operadora de mergulho Submerso Sup Dive (à dir.)
Em São Mateus (ES), o auxílio chegou com luvas e máscaras doadas para o Lar dos Velhinhos – Sociedade Santa Rita de Cássia (à esq.). Em Maricá (RJ), foram entregues cestas básicas às comunidades indígenas Mata Verde Bonita – Tekoa Kaguy Hovy Porã, e Aldeia Céu Azul – Ará Hovy, em parceria com a Experiências Pedagógicas Diretas (EXPD), representada pelo colaborador Vitor Fria (a dir.).
Em Florianópolis (SC) as doações foram direcionadas para o Instituto Pe. Vilson Groh, que trabalha com comunidades carentes da cidade, e também com pessoas em situação de rua (à esq.). Em São Francisco do Sul (SC), kits de higiene e cestas básicas foram doadas para a Associação de Moradores do Majorca. Bairro carente da cidade, que atende aproximadamente 3 mil pessoas (à dir.)
Outra importante forma de combate à doença, é o compartilhar informações confiáveis e oferecer acesso ao conhecimento científico, principalmente em momentos de incerteza, e em meio à era das fake news. Nesse sentido, desde março procuramos divulgar materiais relevantes relacionados à covid-19 em nossas redes sociais, e dedicamos às terças-feiras para falar do assunto por meio das postagens em nossas páginas do Instagram e Facebook.
Todas as quintas, desde abril, promovemos também uma série de lives, chamadas carinhosamente de Mero Talks. Conversas com conteúdo científico que levam informações técnicas com credibilidade à população, e que buscam entreter e também incentivar o interesse e aprendizado pela ciência brasileira.
As entrevistas são preparadas ao longo da semana e apresentam, por meio de uma linguagem acessível, assuntos variados que contemplam desde as ações do Projeto, suas linhas de pesquisa, resultados, parcerias, curiosidades e dados sobre os meros e o ecossistema em que vivem, até questões da pandemia, como a associação do meio ambiente com o covid-19, e nosso relacionamento com a natureza e todos os seres vivos.
O bate-papo, que traz pesquisadores do Projeto e também outros cientistas brasileiros e internacionais, interage com o público, que tem suas questões respondidas ao vivo e em um material com perguntas e respostas disponibilizado pelo Projeto posteriormente. As lives também ficam disponíveis na página para acesso a qualquer tempo.
No início do mês de junho, também apoiamos a live do Grupo Afroindígena de Antropologia Cultural UMBANDAUM, em prol do Movimento Cultural Arte Manha. Transmitimos um espetáculo com música e intervenções artísticas pelo canal do PMB no YouTube, que foi cedido para a realização dessa importante manifestação. Mais de 1.500 pessoas assistiram o show, e, as músicas, incluindo a inédita Minha Dor, estão disponíveis também no SoundClound.
Há 13 anos, PMB e Arte Manha já atenderam juntos centenas de crianças, jovens e adultos em vivências de arte e cultura pela proteção dos meros. Com a chegada da pandemia, boa parte do trabalho que contribui para geração de renda do Movimento foi interrompido. Assim, o espetáculo serviu para angariar fundos e manter pelo menos os custos administrativos dessa iniciativa séria e comprometida de educação ambiental e transformação social.
Ainda, ações individuais de integrantes da equipe, como doações de alimentos, materiais de higiene, máscaras confeccionadas em casa, brinquedos e roupas. Também apoiando profissionais autônomos impossibilitados de trabalhar, escolas ou auxiliando aos grupos de risco, contribuindo da forma que cada um pode, para amparar quem precisa durante o momento que atravessamos. Não apenas instituições, mas pessoas que perderam o emprego por causa da pandemia e estão sem renda para o sustento.
Bruna Duarte, coordenadora de comunicação do PMB, mora em um prédio, onde ela e outros moradores se revezam para fazer compras para o porteiro que está no grupo de risco. “Moro num prédio muito amoroso e outros moradores também estão cuidando dele. Também, tem uma moradora que faz máscaras e ofereceu para todos”, conta.
Que toda a solidariedade presente, e outros valores resgatados neste período, sejam adotados pela sociedade indefinidamente, para superarmos juntos a covid-19, e outras ameaças à vida do planeta que já se impõem por aqui, tal qual a crise climática. Não podemos voltar a viver como antes. Vamos aproveitar essa chance e nos reinventar para alcançar um mundo mais justo?