Evento discutiu a criação de uma rede nacional para o rastreamento de animais marinhos e o compartilhamento de dados científicos
Na última semana, o Projeto Meros do Brasil, participou da Oficina de Trabalho Telemetria Acústica em Ilhas Oceânicas e Implementação da Rede Nacional de Telemetria Animal Marinha (RAM-BR) em Recife, Pernambuco. O evento reuniu cientistas, representantes de instituições de ensino, empresas privadas, ONGs e poder público para discutir e fortalecer o uso em rede da telemetria acústica para o monitoramento da fauna marinha brasileira.
Telemetria acústica
A telemetria é um componente da pesquisa que utiliza transmissores (tags) e receptores para rastrear animais marinhos, como os meros (Epinephelus itajara), e entender aspectos do seu comportamento, principalmente padrões de deslocamento e uso de áreas em pontos estratégicos da costa brasileira.
O indivíduo a ser monitorado recebe um tag que emite um sinal acústico e cada vez que esse animal marcado se aproxima de um receptor, o dispositivo registra a sua presença.
O uso da telemetria no Meros do Brasil
Desde 2013, o Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras e Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental, realiza estudos sobre a movimentação dos meros por meio da telemetria acústica. Em parceria com outros projetos, a malha de monitoramento no Sul do Brasil conta hoje com 20 receptores instalados e distribuídos em mar aberto no norte de Santa Catarina, Paraná e sul de São Paulo, e também em áreas estuarinas em Paranaguá e Cananéia. Ao longo desses 12 anos, 34 meros foram marcados na região, sendo o menor com 95 cm e o maior com 2,14 m.
Para compartilhar nossa experiência, Leonardo Bueno, pesquisador e coordenador de Integração e Pesquisa do Projeto Meros do Brasil, esteve presente no evento em Recife. Além disso, Leonardo aproveitou a oportunidade para apresentar a Rede de Telemetria do Litoral do Paraná (RETELIPA), uma iniciativa conduzida pelo Instituto Meros do Brasil mas que já conta com diversos parceiros e monitora além dos meros, tartarugas e arraias.
“A Oficina de trabalho foi muito importante, tanto pela troca de experiências com diferentes projetos de telemetria do Brasil quanto pela colaboração na construção de uma rede nacional de compartilhamento de dados. Isso conversa diretamente com os objetivos da Década do Oceano e trará grandes avanços para a ciência e a conservação marinha nacional”.
Pioneiro no uso da telemetria com grandes garoupas no Brasil, o Meros vem ampliando sua atuação na área. Até o final deste ano a previsão é que mais três receptores estejam na água e que possamos somar esforços com outras instituições para apoiar o monitoramento da biodiversidade marinha. Essa presença fortalece a produção científica e deve inspirar o desenvolvimento de novas políticas públicas ambientais pela conservação dos meros e de outras espécies e ecossistemas ameaçados.