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Projeto Meros avalia a conectividade de habitats costeiros e reforça necessidade de gestão integrada de áreas protegidas

Uma pesquisa recente desenvolvida pelo Projeto Meros do Brasil avaliou a influência de quatro tipos de habitats em comunidades de peixes: manguezais, estruturas artificiais (pilares e pontes), recifes de arenito e recifes de coral. 

O artigo “Influence of habitats on fish assemblages in tropical marine coastal areas of the Southwestern Atlantic”, ou Influência dos habitats nas assembleias de peixes em áreas costeiras marinhas tropicais do Atlântico Sudoeste – na tradução livre -, foi publicado na revista Neotropical Ichthyology e éresultado do trabalho de nosso supervisor de pesquisa em Alagoas, Márcio Lima Júnior, com coautoria de José Anchieta Nunes e Cláudio Sampaio, também pesquisadores do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras e Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental

Metodologia e resultados

Os trabalhos de campo foram realizados em duas áreas do Atlântico Sudoeste: a RESEX Marinha Lagoa do Jequiá (AL) e Porto Seguro (BA), utilizando a metodologia de Vídeo Subaquático Remoto com Isca (na sigla em inglês BRUV – Baited Remote Underwater Video) para coleta de 80 amostras.

Os principais resultados da pesquisa mostram que:

  • Os recifes de arenito funcionam como áreas de conectividade entre manguezais e recifes de coral, promovendo fluxos ecológicos importantes para o ciclo de vida de diversas espécies;
  • Entre os ambientes estudados, os recifes de coral apresentaram a maior diversidade e abundância de espécies, reforçando sua importância como centros de biodiversidade;
  • Há relevante similaridade de espécies entre habitats (18% em Resex de Jequiá e 31% em Porto Seguro), indicando ecossistemas interdependentes;
  • Fatores abióticos, como profundidade e características do habitat, influenciam significativamente a estrutura da agregações de peixes;
  • Parte considerável das espécies registradas nos manguezais possuem importância comercial, de subsistência ou encontram-se ameaçadas, como o badejo-rosa (Lutjanus cyanopterus);

Os dados adquiridos contribuem para o embasamento científico de estratégias de conservação e manejo costeiro, e, nesse sentido, o estudo destaca a necessidade de abordagens integradas para a gestão de áreas protegidas, incluindo medidas que considerem a conectividade entre habitats. 

“Esse trabalho segue reforçando que o Projeto Meros do Brasil mantém seu compromisso com a produção de conhecimento científico, contribuindo diretamente para a criação e o fortalecimento de políticas públicas voltadas à conservação dos ecossistemas marinhos”, conclui Márcio.

O artigo completo, que aprofunda os dados e reflexões sobre a importância da pesquisa para a proteção dos ecossistemas costeiros e marinhos, pode ser acessado aqui.

Crédito da foto de capa: Claudio Sampaio

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