O trabalho com comunidades, manifestações artísticas e valorização da arte local é um dos atributos do projeto “Meros – estratégias para a conservação de ambientes costeiros e marinhos do Brasil”, patrocinado pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental, que está sendo desenvolvido em quatro Estados do país: Bahia, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo.
Na área focal Bahia, em Caravelas, a ONG Ecomar (Associação dos Estudos Costeiros e Marinhos dos Abrolhos) proponente do projeto Meros do Brasil está atuando desde o começo do mês de março em parceria com o Movimento Cultural Arte Manha na realização de oficina de entalhes e esculturas de madeira, tendo o Mero como personagem principal.
Cerca de dez adolescentes estão participando da Oficina, que teve inicio com uma palestra, primeiramente, explicando as ações de pesquisa e conservação do projeto e a bioecologia da espécie. Segundo o técnico do projeto, Vinicius Fernandes, foram mostradas também uma série de imagens e vídeos de meros e ecossistemas associados com a intenção principal de familiarizar os participantes com a morfologia e comportamento da espécie. Outras palestras vão ocorrer para abordar especificamente os ecossistemas costeiros e marinhos da região dos Abrolhos.
Com as informações, os adolescentes se sentiram mais preparados para trabalhar o mero artisticamente. Nesta etapa inicial estão sendo produzidos pelos iniciantes meros pequenos (de 25 a 50 cm). A equipe do projeto está acompanhando a confecção das peças e auxiliando na reprodução das características morfológicas da espécie.
Em dezembro de 2007, durante um evento organizado pelo projeto Tamar na Praia do Forte, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi presenteada pela equipe do projeto com um mero de madeira feito por Rafael Santos Brás, monitor da oficina e artista plástico em Caravela há seis anos.
Com o passar do tempo, aprendizado e aperfeiçoamento das técnicas, a expectativa, segundo Vinícius Fernandes, é de que os adolescentes possam ter uma fonte de renda através da venda destas peças. Três adolescentes e um adulto da comunidade já produzem peças que são facilmente vendidas a turistas e a pessoas da comunidade. O diretor artístico do Arte Manha e coordenador da Oficina, Jorge Galdino Santana, acredita que o trabalho traz vantagens que vão alem do benefício financeiro. “As atividades em madeira além de ser uma excelente terapia para os adolescentes, tem sido uma boa fonte de renda para os mesmos, complementando a renda familiar, despertando o poder criação e adquirindo conhecimentos técnicos em artes plásticas”.
A atividade de artes plásticas desenvolvidas no Arte Manha é coordenada desde 1989 pelo ateliê “Astúcias”, que tem como lema “um toque eco-artesanal”. Nesse sentido a matéria-prima – madeira é adquirida por meio de garimpagem de materiais de reaproveitamento. A iniciativa tem como objetivo a conciliação de geração de trabalho e renda aliado a conscientização socioambiental com enfoque às espécies ameaçadas de extinção, como o Mero, personagem principal desta primeira etapa das oficinas de entalhe e esculturas.