Recentemente biólogos do Gerenciamento Costeiro do Instituto de Meio Ambiente – IMA/AL e professores da Universidade Federal de Alagoas, Penedo -UFAL realizaram mergulhos na Piscina do Amor e constataram que, apesar de alguns sinais de degradação devido ao longo histórico de poluição, pesca e turismo excessivos e sem controle, além da influência das mudanças climáticas globais (elevada quantidade de algas, com corais branqueados e doentes), o número e o tamanho dos peixes observados na Piscina do Amor são maiores que nas áreas próximas dela (Ponta Verde e Piscinas naturais da Pajuçara).
A Piscina do Amor continua a demonstrar a grande importancia nas áreas marinhas protegidas, com efeitos diretos na geração de emprego e renda (para pescadores, jangadeiros e agencias de turismo locais) pois, os peixes criados nessa região, ao sairem naturalmente dessas áreas marinhas protegidas repovoam áreas próximas, beneficiando assim os pescadores, além de atrair turistas que buscam nos mergulhos a diversidade de suas cores e formas.
Os mergulhos de monitoramento e fiscalização que vem sendo realizados pelo IMA/AL revelaram grandes supresas. Três espécies ameaçadas de extinção foram observadas na Piscina do Amor: os pequenos Neon (Elacatinus figaro), o Grama brasileiro (Gramma brasiliensis) e o gigante Mero (Epinephelus itajara).
Elacatinus figaro, neon (foto: IMA/AL)
Gramma brasiliensis, grama (foto: IMA/AL)
O Neon é negro com uma faixa lateral amarela, pequenino, não ultrapassa 6 cm. Já o Grama brasileiro é extravagante, pois tem a cabeça roxa, corpo rosado e cauda amarela, não ultrapassando os 15 cm de comprimento e pesando poucas gramas. Estas espécies, por terem pequeno porte, só chamam atenção dos mergulhadores mais atentos, enquanto o Mero apresenta colorido discreto, esverdeado ao marrom, com manchas escuras espalhadas no corpo. Todavia seu grande porte é o que impressiona (pode alcançar mais de 2,5 m de comprimento e 450 kg de peso)! O Neon é também conhecido como peixe limpador, pois retira parasitas e tecido necrosado de peixes maiores, sendo responsável pela saúde de peixes, como o Mero.
As ameaças a esses e outros peixes são os mesmos problemas que notamos quando vamos à praia: Poluição e pesca não manejada. A primeira compromete a qualidade das areias e águas da principal área de lazer dos alagoanos e turistas, enquanto que a segunda inviabiliza (devido a raridade e o tamanho cada vez menor dos peixes e preços cada vez maiores) o consumo de pescado.
Epinephelus itajara, o mero (foto: IMA/AL)
Comuns nos recifes alagoanos, o Mero, o Neon e o Grama brasileiro foram pescados até a sua quase extinção dos recifes costeiros e piscinas naturais de todo o Brasil. A pesca não poupava nem mesmo os pequenos peixes, agravando ainda mais a situação. Sem peixes adultos para desovar e repovoar as áreas de pesca e turismo, o prejuizo só tendia a aumentar com o passar dos anos.
Para maior segurança dos peixes, o Mero foi foto-identificado (técnica que utiliza as marcas naturais, incuindo manchas de seu colorido, que não se repetem, semelhante a impressão digital dos humanos) e segue monitorado pelo IMA e UFAL, contando com a parceria do Instituto Meros do Brasil, formando por especialistas nesses peixes e em sua conservação no Brasil, que no litoral de Alagoas desenvole estudos voltados a sua conservação, utilizando a educação ambiental e a ampla divulgação da legislação.
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