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Simone Cousteau

MULHERES DO MAR

A história das mulheres na ciência é tão antiga quanto a própria ciência. O primeiro registro de uma mulher cientista é o da médica Merit Ptah (2.700 a.C.), quando ainda antes de Cristo, alquimia, astronomia, química, matemática, botânica e medicina já eram campos explorados pelo gênero.

Para celebrar o Dia Internacional da Mulher e o mês dedicado à luta feminina, o Projeto Meros do Brasil, traz para você pequenos recortes de histórias incríveis sobre algumas personagens essenciais para o desenvolvimento da ciência e a conservação dos oceanos.

Simone Cousteau

Simone Melchior Cousteau, companheira de Jacques-Yves Cousteau foi a primeira mergulhadora autônoma da história. Foi ela que apresentou ao marido, o engenheiro que o ajudou a desenvolver os reguladores que tornaram possível a modalidade Scuba, e ainda testou os protótipos desenvolvidos em 1943. O aqualung, como foi chamado, substituiu os pesados escafandros utilizados até então para o mergulho em profundidade.

Alexandra Cousteau, neta da mergulhadora, conta na biografia que escreveu sobre a avó, que Simone vendeu todas as joias de sua família e seus casacos de pele para comprar combustível, uma bússola e um giroscópio, para que a viagem inaugural do Calypsopudesse acontecer. Em 1952, a tripulação seguiu rumo ao Mar Vermelho, e Simone era a única mulher a bordo.

A tripulante realizou inúmeras expedições oceanográficas ao lado do marido e chegou a viver por quatro dias em uma casa embaixo d’água participando de um experimento que tentava provar a viabilidade da vida subaquática estendida. Além de pesquisadora, desempenhou um papel fundamental na operação no mar, atuando como mãe, curandeira, barbeira, enfermeira e psiquiatra da equipe masculina por 40 anos.

 

Rachel Carson

Rachel Louise Carson foi uma bióloga marinha que ajudou a promover a consciência ambiental moderna. Biografias apontam que sua relação com o mar tem início ainda na adolescência quando adorava ler livros que tinham como temática recorrente os oceanos.  

Ao longo dos anos desenvolveu um programa educativo semanal com episódios que ilustravam a vida marinha e submeteu diversos artigos, com a mesma temática, aos jornais e revistas da região sempre de forma a despertar no público leigo o interesse pelos oceanos.

Foi pelo reconhecimento do seu trabalho que em 1936 se tornou a segunda mulher contratada para uma posição em tempo integral no Departamento de Pesca, onde iniciou sua carreira atuando como bióloga marinha assistente, analisando e reportando dados de campo sobre a população de peixes e dando continuidade ao trabalho de publicações.

Lançou ainda uma série de três livros que abordaram a vida marinha desde à zona costeira até as profundezas dos oceanos, e que ficou conhecida como trilogia do mar. Os livros viraram best-sellerse um deles lhe rendeu um National Book Award, um dos mais importantes prêmios literários dos EUA. Mas foi a publicação Primavera Silenciosa, 1962, que ficou conhecida pela criação da consciência moderna do movimento ambientalista, por descrever os efeitos nocivos de pesticidas ao meio ambiente.

Rachel Carson

Marta Vanuncci

O Brasil também está representado entre as mulheres que fizeram história atuando pela conservação marinha. Marta Vannucci, bióloga brasileira, foi listada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) como uma das Pioneiras da Ciência no Brasil.  É a primeira mulher a se tornar titular na Academia Brasileira de Ciências, a primeira mulher a se tornar diretora do Instituto Oceanográfico da USP (IOUSP), e a responsável pelo primeiro navio oceanográfico brasileiro.

Iniciou seu trabalho no Instituto Paulista de Oceanografia, que com a sua contribuição viria a se tornar o IOUSP. Por não ter uma embarcação à disposição para a realização de estudos em alto mar, Marta se voltou para o trabalho com nas áreas de mangue, abundantes na região onde estava estabelecido o Instituto.

Ela trabalhou em diversos países, como Escócia, Índia, México e Japão, participando de pesquisas envolvendo estudos de manguezais e se tornou uma autoridade mundial no assunto, contando com mais de 100 trabalhos científicos publicados.

Nos anos 1960, negociou a compra e a construção de um navio de pesquisas, que ficou 40 anos em operação, fazendo expedições pela costa do Brasil e pelos mares antárticos. A bióloga também percorreu toda a costa brasileira pesquisando os manguezais do Amazonas até o extremo sul do país. Marta se aposentou como diretora regional de um escritório da UNESCO na Índia, e vive no Brasil até hoje.

Marta Vannuci 

Sylvia Earle

Exploradora da National Geographic, chamada de Her Deepness (Sua Profundidade, na tradução livre, um trocadilho em alusão à realeza) pelos veículos de comunicação americanos e considerada em 1998, pela Time Magazine, a primeira Heroína do Planeta, Sylvia Earle é uma referência em pesquisa e conservação dos oceanos no mundo inteiro.

A primeira mulher cientista-chefe da NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), foi a única mulher a compor a tripulação, com mais de 70 pessoas, que nos anos 1960 realizou uma expedição de seis semanas ao Oceano índico. Mais tarde, grávida de quatro meses, chegou aos 30 metros de profundidade integrando a equipe em embarcou no submarino Deep Diver.

Em 1970, ela bateu o recorde em mergulho autônomo descendo a 381 metros de profundidade com um traje pressurizado, e teve sua participação no projeto Tektike cancelada por pessoas que não aceitaram uma mulher a bordo de uma embarcação que tinha uma tripulação exclusivamente masculina. Então, na segunda etapa do projeto Sylvia montou uma equipe inteiramente feminina para ficar semanas vivendo em um laboratório no fundo do oceano.  

Sylvia liderou mais de 100 expedições submarinas acumulando mais de 7 mil horas subaquáticas. Hoje, continua atuante na conservação dos oceanos através da Mission Blue que vem reunindo o apoio público, por meio da conscientização, para a criação de novas áreas marinhas protegidas e para a preservação das já existentes que seguem ameaçadas.

Sylvia Earle

Mulheres são responsáveis por 70% das publicações científicas do Brasil

A luta dessas mulheres é antiga e foi sempre voltada para a conservação dos oceanos. Seja por meio de atividades de pesquisa, do desenvolvimento de inovações tecnológicas ou da educação ambiental, suas ações continuam sendo de extrema importância e, hoje, têm continuidade por outras inúmeras cientistas do mar.

Em 2019, “emergência climática” foi a palavra do ano eleita por um dicionário inglês que descreveu seu significado como “uma situação em que é necessária uma ação urgente para reduzir ou interromper a mudança climática e evitar danos ambientais potencialmente irreversíveis”.

Em retrospectiva, “tóxico” foi a palavra de 2018, por estar presente nas discussões sobre a saúde da comunidade e do meio ambiente. Não à toa, o Dia Mundial do Meio Ambiente, organizado pelo ONU no mesmo ano, teve como tema principal a toxicidade do plástico nos oceanos. Já nos dois anos anteriores, as palavras eleitas aqui no Brasil foram “feminismo” e “empoderamento”.

O destaque para esses vocábulos não é gratuito. A igualdade de gênero é um dos objetivos da ONU presentes na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (17 objetivos que são metas globais para transformar o mundo), e também é uma das metas atuais do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

As mulheres somam 43% da equipe do Projeto e estão presentes em todos os locais de atuação, participando ativamente em todas as linhas de ação do PMB.

 

@Macros Santos Bonfim

“Nós mulheres não apenas fazemos ciência, nós lutamos pelo direito de fazê-la. Por isso, é uma vitória a crescente participação das mulheres no PMB. Tenho uma gratidão e orgulho imenso em ver esse sonho tornar-se realidade”, comemora Maíra Borgonha, oceanógrafa e coordenadora nacional do Projeto Meros do Brasil. Segundo a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), entre 2014 e 2017, as mulheres assinaram 72% dos artigos científicos no Brasil, mostrando sua extrema relevância para a ciência e seu envolvimento com a pesquisa no país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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