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Meros do Brasil se reúne com pescadores em Cananéia

O primeiro passo para integração dos pescadores e comunidades paulistas foi dado com a realização do “Seminário de apresentação do projeto Meros do Brasil formação de rede de parceiros regionais para proteção dos Meros e ambientes marinhos e estuarinos do Lagamar Paulista”. O evento aconteceu no ultimo dia 30 de novembro na cidade de Cananéia, litoral sul do Estado de São Paulo, e contou com a participação de representantes de pescadores, academia, proprietários de pousadas e marinas, e comunidades locais.

A abertura do seminário foi feita pelo gerente executivo do projeto Meros do Brasil, Paulo Beckemkamp, que apresentou as ações da rede Meros do Brasil e ressaltou a importância da contribuição dos pescadores para as ações de preservação e de resgate dos conhecimentos sobre as espécies que habitam ambientes marinhos e manguezais. A professora da Universidade Federal de Pernambuco Beatrice Padovani Ferreira, coordenadora da área focal Pernambuco, explicou a importância dos ambientes costeiros e estuarinos para proteção da biodiversidade marinha, e uso sustentável dos recursos. Beatrice compartilhou a experiência na praia de Tamandaré (PE) na preservação dos Meros e na soltura do peixe em parceria com o Cepene (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e a Associação de Jangadeiros.

O conhecimento tradicional como forma de auxiliar os instrumentos de gestão ambiental das regiões costeiras foi abordado pelo Oceanógrafo e Consultor do Projeto na área do Conhecimento Ecológico Local, Leopoldo Cavaleri. “É preciso entender mais sobre o ambiente marinho para que as melhores decisões de manejo sejam tomadas”, ressaltou Cavaleri, avaliando que é preciso reconhecer o conhecimento dos pescadores, que tem contato íntimo com o mar e podem auxiliar os pesquisadores na preservação das espécies.

Jocemar Mendonça, pesquisador do Instituto de Pesca de Cananéia, resgatou a situação histórica da captura dos Meros na região do litoral sul de São Paulo antes de depois da Portaria do Ibama que proibiu a caça e pesca da espécie em todo território nacional. (A portaria 121/2002 foi prorrogada através da portaria 42 de 19 de setembro de 2007) Os gráficos de desembarque apresentados mostraram que na década de 60 eram capturados mais de uma tonelada de Mero, situação que se repetiu na região até 1998. Atualmente, não há registro de desembarque profissional, mas é preciso cuidado. “Muitas vezes o Mero é desembarcado como Garoupa ou Badejo para evitar problemas com a fiscalização”, alertou o pesquisador.

Matheus Freitas, consultor de Biologia pesqueira, falou sobre a participação efetiva dos pescadores e comunidades no projeto. A primeira forma de ajudar é nunca dirigir a pesca para captura do Mero, especialmente em locais de agregação da espécie. O biólogo ressaltou que em caso de pesca acidental da espécie, o pescador deve retirar o peixe o mais rápido possível do anzol e devolvê-lo ao mar. Os pescadores também podem colaborar denunciando a pesca ilegal aos órgãos responsáveis e ajudando na sensibilização das comunidades sobre a importância da preservação da espécie.

Os pescadores, atentos, aprovaram as informações e se manifestaram como participantes do projeto. Pescador profissional há 7 anos, Jonas da Silva Junior já teve o prazer de mergulhar com um Mero. “Minha primeira reação foi de susto, o peixe era enorme, mais de 5 metros e 300 quilos, mas depois me simpatizei”, comentou o pescador, que nunca teve coragem de tirar o peixe do mar. Para ele, a portaria de proibição da pesca deveria ser definitiva. “Quero que meus filhos também conheçam o Mero”.

Raimundo Pereira de Jesus pesca no Lagamar há 5 anos, sempre soube da proibição e respeitou! “Um projeto bom para preservação da natureza também, quanto mais peixes, melhor para a região”, avaliou

Já Amélia Okawama Ebina mantém uma pousada para pescadores amadores e já está atenta para não deixar o Mero ser desembarcado. Segundo ela, nem peixes pequenos, nem Meros são pescados na região da pousada.”Eu fiscalizo mesmo, para pescar na minha pousada tem que estar de acordo com as regras”, avisou.

Clodoaldo Gazzetta, coordenador da região paulista, consolidou as parcerias e aproveitou para homenagear o ex-gerente do Ibama em São Paulo Wilson de Almeida Lima, que se encontrava presente, e que foi presenteado com uma camiseta do projeto e com o convite para ser o padrinho do projeto na região. Lima, juntamente com Gazzetta, foi um dos responsáveis diretos pela edição da Portaria 121 de 20 de setembro de 2002, que proibiu a pesca do Mero em todo o território nacional por um período de 5 anos. Depois disso, as parcerias se fortaleceram, bem como o trabalho de pesquisas e proteção, com os quais foi possível articular a prorrogação da portaria, conseguindo mais 5 anos de moratória (Portaria ibama 42 de 19 de setembro de 2007).
A equipe do projeto inicia nos próximos meses a fase de envolvimento direto com as comunidades nas 4 áreas focais, através da aplicação de entrevistas com pescadores e lideranças locais, visando o levantamento de informações estratégicas sobre o Mero. Concomitante a isso, serão realizados mergulhos em Santa Catarina, Bahia e São Paulo para registros da espécie e estudos dos locais de agregação

Na foto: Equipe Meros do Brasil e comunidade do Complexo Lagunar reunidos em evento

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