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Manguezais do Espírito Santo: berçários essenciais para a sobrevivência dos meros 

Publicado na prestigiada revista científica Regional Studies in Marine Science, um estudo do Projeto Meros do Brasil reforça a importância dos manguezais brasileiros, inclusive aqueles localizados próximos a centros urbanos, como berçários para os meros (Epinephelus itajara), espécie criticamente ameaçada de extinção.

O estudo, intitulado “Atlantic Goliath Groupers as inhabitants of mangroves on the Brazilian coast”, foi conduzido por Junio Damasceno, em parceria com Ana Paula C. Farro, Athila A. Bertoncini e Maurício Hostim-Silva, e financiada pelo Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras e Governo Federal por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A investigação concentrou-se na região do estuário do Rio São Mateus, no Espírito Santo, uma área que, apesar da proximidade com a urbanização, demonstra uma resiliência surpreendente para a vida marinha.

Resultados da pesquisa revelam padrões sazonais e importância ecológica

A investigação concentrou-se na região do estuário do Rio São Mateus, no Espírito Santo, e  teve como objetivo descrever uma população de meros juvenis em um ambiente de manguezal próximo a uma área urbana, analisando variáveis biométricas, frequência de ocorrência sazonal e comparando com outros habitats.

Durante o período de estudo, 148 espécimes juvenis de meros foram coletados utilizando armadilhas comumente usadas por pescadores artesanais locais. Os indivíduos capturados apresentavam comprimento total entre 5,9 e 36,5 centímetros e peso entre 5 e 820 gramas, indicando que se tratavam de jovens em estágio inicial de vida.

O artigo científico enfatiza que os manguezais servem não apenas como áreas de trânsito, mas como habitats essenciais para o crescimento e proteção dos meros durante uma fase de extrema vulnerabilidade à predação. A presença contínua de meros jovens ao longo do ano no estuário do São Mateus reforça que esses manguezais apesar de estarem em uma área próxima da cidade, demonstram uma resiliência surpreendente para a vida marinha e são indispensáveis para a sobrevivência da espécie.

Manguezais: refúgios para uma espécie ameaçada

Conforme a pesquisa, a presença de meros juvenis nesses estuários é diretamente limitada pela disponibilidade de habitats de alta qualidade. “Encontrar meros juvenis em manguezais próximos a áreas urbanas é um sinal positivo, mas que ao mesmo tempo é um alerta para a vulnerabilidade desses ecossistemas. Essa pesquisa não apenas confirma o papel insubstituível desses ecossistemas como berçários para a espécie, mas também demonstra a urgência de medidas protetivas e de manejo que considerem a complexidade e a importância desses ambientes costeiros”, afirma Junio Damasceno. 

Os resultados revelaram que, embora os indivíduos maiores fossem capturados no outono, o número de meros juvenis era significativamente maior durante os meses de verão em comparação com o inverno. Esta informação sugere uma dinâmica sazonal de recrutamento e crescimento dentro do manguezal. Além disso, a taxa média de captura mensal de juvenis nas armadilhas dos manguezais do leste do Brasil foi superior à registrada no estado da Flórida (EUA), destacando a relevância dos estuários brasileiros.

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Crédito da foto de capa: Maíra Borgonha

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