Com ajuda de parceiros e voluntários, mutirões do Projeto Meros do Brasil foram realizados em dez estados do litoral do país
durante o mês de setembro para dialogar com a sociedade sobre o problema da poluição marinha
Setembro chegou ao fim com mais 2.443 quilos de lixo retirados do Oceano. Somados ao resultado das ações de limpeza, realizadas em abril pelo Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, quase 5 mil quilos de resíduos ganharam um destino adequado em 2022.
Em dez ações de limpeza que aconteceram nas últimas quatro semanas, as equipes do Projeto Meros e instituições parceiras retiraram de rios, praias e manguezais itens que chamaram a atenção como televisores, vasos sanitários, pias de cozinha, restos de sofás e até resíduos de origem internacional vindos de países como China, Japão e Singapura.
Em São Paulo, o item mais encontrado foi o vidro, 46 garrafas em um quilômetro de extensão. No Rio de Janeiro e Espírito Santo foram retiradas 5.454 bitucas e filtros de cigarro das praias. Mas, o plástico ainda soma a maioria dos resíduos coletados corroborando com o alerta da ONU: em 2050 teremos mais plástico que peixes no oceano. Em Santa Catarina, no Paraná, na Bahia, em Alagoas, Pernambuco, Sergipe e no Pará, o plástico foi a matéria mais coletada. Só em Caravelas, município do litoral baiano, foram 122 quilos entre embalagens descartáveis, canudos e pequenos fragmentos.
Depois de coletado, todo o resíduo é separado e pesado.
Através das ações de limpeza, o Projeto Meros e seus parceiros, entre eles os projetos da Rede de Conservação da Biodiversidade Marinha (Biomar) e da Rede de Conservação Águas da Guanabara (REDAGUA), procuram sensibilizar a sociedade sobre as relações entre consumo e descarte de resíduos indo mais além da simples ideia de que separar o lixo é suficiente. “A manutenção das práticas de coleta e triagem dos resíduos sólidos é imprescindível, mas as ações devem ser vistas como forma de estimular e provocar nas comunidades e visitantes novos sentimentos de pertencimento do lugar e trazer à luz da consciência dessas pessoas, o desejo de cuidar e as responsabilidades de cada cidadã ou cidadão, a partir do consumo responsável”, relembra Dó Galdino, educador ambiental do Meros na Bahia.
Neste ano, participaram das ações de limpeza de setembro 441 pessoas entre equipe, parceiros e voluntários do Projeto. Para Pâmila Rosário, educadora ambiental da equipe também na Bahia, “a sensibilização permite que os envolvidos estejam engajados em uma causa e possam se sentir agentes de transformação local. Mas para um efeito em grande escala, é preciso ir além do consumo e pressionar as pessoas responsáveis pela produção”.
As ações de limpeza tem como objetivo dialogar sobre redução, reaproveitamento, separação e descarte adequado de lixo.
Após cada mutirão todo o lixo é separado, pesado e destinado para as instituições responsáveis pela limpeza urbana das cidades, empresas privadas de reciclagem ou associações e cooperativas de catadores. Todos os dados são compilados tanto no relatório de acompanhamento do Projeto, quanto para fomentar o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar do Ministério do Meio Ambiente. Essas informações poderão servir de base para futuras legislações e ações mais concretas pelo Poder Público, a serviço e com a participação da sociedade.
Os dados das ações de limpeza do Meros deste ano serão apresentados em relatório compilado, no mês de dezembro.
Foram parceiros das ações em Santa Catarina: Instituto Comar; no Paraná: Instituto Guajú, Projeto Rebimar/Mar Brasil, Fundação Grupo Boticário, Colégio Marista, Projeto Biotiba (UTFPR); em São Paulo: Associação de Moradores e Proprietários da Praia das Toninhas; no Rio de Janeiro: REDAGUA (Projetos Coral Vivo, Guapiaçu e UÇÁ), Projeto Verde Mar, Projeto Aruanã, Erê Ambiental, Guardiões da Orla Carioca, Recicla Orla, Stand PET, Hauser-Davis Research Group, Fechando o Ciclo, Projeto Cavalos Marinhos, Parley TV, João Weneck, Instituto Conhecer para Conservar, Projeto Corrente de Retorno, Sahaja Yoga, Renato do Matte; no Espírito Santo: Centro Universitário do Norte do Espírito Santo, Centro Tamar/ICMBio, SEMMA, Defender; na Bahia: Resex de Cassurubá, Grupo de Caiaqueiros e Associação dos Moradores da Tapera e Mingaba; em Sergipe: Escola Estadual Caldas Júnior; em Alagoas: Prefeitura de Piaçabuçu, IFAL – Penedo, UFAL, Laboratório de ictiologia e conservação, Centro acadêmico de biologia, ICMBio – APA de Piaçabuçu; em Pernambuco: Garis Marítimos e Voluntários do Planeta; e no Pará: Laboratório de pesquisa em monitoramento ambiental marinho, Faculdade de Oceanografia e Universidade Federal do Pará.
Crédito das imagens:
Chamada: Rodrigo Campanário
Imagem 1: Tatiana Horta
Imagem 2: Casacon