Coordenador
Dr. Eduardo Gomes Sanches
Telefone
(12) 99224-6046
eduardo.sanches2005@gmail.com
Os estudos sobre o cultivo de peixes marinhos tropicais tem avançado consideravelmente nos últimos anos. No Brasil uma região com expressivo potencial para o cultivo de peixes marinhos compreende o litoral norte do estado de São Paulo e o litoral sul do estado do Rio de Janeiro, um trecho muito recortado, com muitas áreas abrigadas, ideais para instalação de empreendimentos de maricultura de pequeno porte. Localizado entre duas grandes metrópoles, esta parte do litoral brasileiro é intensamente frequentada por turistas e possui diversas comunidades de pescadores artesanais. Além disso, a região apresenta ocorrência de garoupas, badejos, meros e chernes.
Preocupado com a conservação destas espécies, sua importância econômica e a possibilidade de geração de tecnologia de cultivo, o Instituto de Pesca, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, passou a desenvolver, desde 2005, estudos sobre o cultivo destes peixes.
Este trabalho, também conhecido como Projeto Serranídeos, é coordenado pelo pesquisador científico Prof. Dr. Eduardo Gomes Sanches, e vem sendo desenvolvido no Laboratório de Piscicultura Marinha do Núcleo Regional de Pesquisa do Litoral Norte (NRPLN) do Instituto de Pesca, em Ubatuba/SP.
A primeira espécie de serranídeo – posteriormente considerada epinefelídeo – a ser estudada pelo projeto foi a garoupa-verdadeira. O Projeto Serranídeos possibilitou importantes avanços no cultivo deste peixe em cativeiro, elucidando importantes questões do ponto de vista de manejo desta espécie e propiciando a formação de um banco de reprodutores que permitiu iniciar pesquisas de inversão sexual, congelamento de sêmen, reprodução induzida e produção de formas jovens, visando a realização dos primeiros ensaios de engorda em escala massiva de grandes garoupas no Brasil.
Estes estudos conseguiram, de forma inédita, obter e crioconservar, com sucesso, o sêmen da garoupa-verdadeira. Este feito, considerado histórico para a piscicultura marinha brasileira, tanto pelo valor econômico deste serranídeo como por seu potencial para cultivo, possibilitou a primeira produção de formas jovens de garoupa no Brasil. Quando se considera que muitas espécies de grandes garoupas como os chernes, badejos, meros e até mesmo a garoupa-verdadeira estão ameaçadas de extinção, esta conquista já mostra, efetivamente, a amplitude dos resultados que este projeto tem alcançado.
Atualmente, o Instituto de Pesca é a única instituição, no Brasil, a manter um banco de sêmen de epinefelídeos, contribuindo para a preservação destes importantes peixes para as gerações futuras.
Em meados de 2010, foi estabelecida uma parceria entre o Projeto Serranídeos e o Projeto Meros do Brasil, possibilitando que os esforços fossem direcionados para o mero.
Nos dias atuais o Laboratório de Piscicultura Marinha do Instituto de Pesca integra o Projeto Meros do Brasil e contribui com o desenvolvimento de pesquisas e ações de Educação Ambiental. Os trabalhos com o mero foram iniciados em janeiro de 2012, adequando as instalações para trabalhar com esta espécie (que pode atingir mais de 200 quilos). A pesquisa com a reprodução dos meros em cativeiro é um grande desafio, dado o porte da espécie e por se tratar de um peixe ameaçado.
Os esforços de pesquisa desde então vão desde a manutenção dos meros em cativeiro, passando por estudos de avaliação da variabilidade genética dos peixes, formação de um banco de sêmen e a ambiciosa obtenção das primeiras formas jovens desta espécie produzidas em ambiente artificial, a exemplo do que já foi realizado com a garoupa-verdadeira.
A equipe de pesquisa no estado de São Paulo é formada pelo Prof. Dr. Eduardo Gomes Sanches, o Dr. Jonas Rodrigues Leite, o MSc Otávio Mesquita de Sousa, o oceanógrafo Ricardo César Cardoso, a veterinária Laura Chrispim Reinsfeld, o biólogo Rafael Caprioli Gutierrez e a bióloga e educadora ambiental Gabriela Reynaldo Pereira.
Breve histórico
Janeiro/2007: Congelamento do sêmen da garoupa-verdadeira.
Janeiro/2012: Adequação do laboratório para pesquisas com o mero.
Março/2013: Obtenção e congelamento pioneiro do sêmen do mero.
Janeiro/2021: Desenvolvimento de ações de educação ambiental no Estado de São Paulo.
Atividades realizadas
Atividades de pesquisa
A par do grande conhecimento e das expressivas conquistas acumuladas com todos estes esforços de pesquisa, um dos grandes desafios neste projeto tem sido a formação de um plantel de reprodutores de meros em cativeiro. Os raros exemplares mantidos em cativeiro e o reduzido volume dos tanques impedem o crescimento dos peixes e não possibilitam a formação dos haréns reprodutivos e da manifestação dos comportamentos da espécie.
Existem perguntas a serem respondidas que são fundamentais para o avanço da reprodução desta espécie em cativeiro. Destacamos:
É possível que os meros se reproduzam em cativeiro?
A hematologia do mero consegue expressar seu estado nutricional e sanitário?
Como ocorre a formação de reprodutores de meros em cativeiro?
Considerando o crescente e relevante papel conservacionista do Projeto Meros do Brasil no que se refere à educação ambiental, pesquisa, conservação da biodiversidade e a importância em despertar da consciência das pessoas para a realização das mudanças de comportamento tão necessárias para a adoção de práticas de conservação e sustentabilidade, o esforço da equipe de pesquisa vem sendo formar um plantel de reprodutores de meros em cativeiro. Através de uma parceria com o Aquário de São Paulo, os exemplares estão sendo monitorados regularmente e será possível obter significativos avanços para a reprodução da espécie em cativeiro. O objetivo deste estudo é o de ampliar o conhecimento sobre a formação de um plantel de reprodutores de mero Epinephelus itajara em ambiente artificial, contribuindo para a reprodução da espécie em cativeiro, utilizando a hematologia como bioindicador.
Atividades de educação ambiental
As ações de educação ambiental estão sendo realizadas em escolas particulares e públicas do município de Ubatuba, onde são realizadas diversas atividades de acordo com a idade das crianças. O foco maior tem sido a primeira infância. Algumas oficinas também são realizadas pelo Projeto em parceria com comunidades tradicionais e seus projetos socioambientais, entre eles podemos destacar oficina de produtos naturais e oficina de reciclagem. Ações de limpeza de praia e de exposição com foco na sensibilização ambiental também estão sendo realizadas no estado de São Paulo.
Parceiros
Aquário de São Paulo;
Colônia de Pescadores Z3;
Biomarine;
SME – Prefeitura de Ubatuba;
Escola Quintal da Arte;
Escola Criar-te;
Centro Educacional Objetivo;
EMEI Profª Bessie Ferreira Osório de Oliveira;
EMEI Judith Cabral dos Santos.