Quem são
O mero (Epinephelus itajara), conhecido também como bodete, canapú, badejão, merote ou “senhor das pedras” na tradução tupi-guarani, foi descrito pela primeira vez em 1822, a partir de um exemplar coletado aqui no Brasil. Pertence à família Epinephelidae juntamente com badejos, chernes e outras garoupas, é a maior espécie de garoupa do Oceano Atlântico, podendo alcançar aproximadamente 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 400 quilos.
Mas apesar do grande porte, são considerados dóceis e curiosos, permitindo muitas vezes, a aproximação orientada de mergulhadores.
Reprodução
Seu ciclo de vida tem início nos agregados reprodutivos: grandes cardumes formados pelos meros de dezembro a março, ano após ano. Neste período, eles migram da sua área de vida para as áreas de reprodução com o único propósito de procriar. Ou seja, em um ano inteiro, o período do verão representa a única chance de reprodução desses peixes.
Para chegar às agregações, os meros podem percorrer mais de 400 quilômetros em dez dias. Eles se encontram nas águas rasas (<50m) junto a recifes rochosos, naufrágios e recifes artificiais que contenham grandes buracos e cavernas, e permanecem ali por um bom tempo, próximos do local de desova.
A fecundação é externa e se dá no momento em que a fêmea lança milhões de ovócitos na água ao mesmo tempo que diversos machos lançam seus espermatozoides, os ovócitos fecundados, se transformam em larvas que passam entre 35 e 80 dias limitados às corrente marinhas, e dão origem a pequenos juvenis com aproximadamente 15 milímetros de comprimento.
Os meros nascem fêmeas e provavelmente após a primeira reprodução, por volta dos 6 a 8 anos quando se tornam sexualmente ativos, algumas fêmeas se transformam em machos, garantindo a continuidade da espécie.
Alimentação
O mero se alimenta em grande parte de crustáceos – caranguejos, siris, lagostas e camarões – peixes lentos e normalmente associados ao fundo do mar – arraias, bagres, peixe-sapo, baiacu-de-espinho e peixe-cofre – polvos e tartarugas, e eventualmente de caranhas ou mesmo garoupas e jovens tubarões.
Habitat
Na fase juvenil ocupam os manguezais. Encontrando abrigo em meio às raízes de mangue, os filhotes se alimentam de pequenos crustáceos até atingir a idade adulta quando deixam o este habitat e migram para o mar aberto.
A partir daí, são encontrados em costões rochosos e recifes coralíneos ocorrendo preferencialmente em algumas estruturas artificiais no ambiente marinho como monoboias, plataformas de petróleo em águas rasas, pilares de pontes, píeres e naufrágios.
Além de encontrados frequentemente em ambientes recifais de mar aberto, os meros adultos também podem ser observados em ambientes estuarinos, em geral habitando fundos rochosos com profundidades de até 30 metros.
Meros vivem em águas tropicais e subtropicais do oeste e leste do Oceano Atlântico. Na parte oeste, habita as águas da Carolina do Norte nos Estados Unidos da América (EUA) até o sul do Brasil, incluindo o Golfo do México e o Mar do Caribe.
Na parte leste do Atlântico, sua distribuição se estende desde o Senegal até o Congo, embora seja raro nas Ilhas Canárias e esteja possivelmente extinto na costa oeste da África.
O que tem sido feito para proteger os meros?
A captura, transporte e comercialização de meros é proibida no Brasil desde 2002. Esta proteção é garantida através da Instrução Normativa Interministerial/INI Nº 13/2015, tendo como prioridade a recuperação das populações da espécie no país. Mas apenas a proibição não é suficiente
Quantos meros já foram salvos?
Meros sofreram um declínio significativo da população nos últimos 65 anos. Considerando toda a área de distribuição da espécie no Brasil, a redução foi superior a 80%. Isso quer dizer que morrem mais meros do que nascem, e por isso esses peixes correm sério risco de desaparecer.
A espécie é considerada criticamente ameaçada de extinção desde 2006, e para salvar apenas uma geração de meros são necessários 21 anos. Mas, juntas e juntos podemos reverter esse quadro combatendo as principais causas que ameaçam a existência da espécie: a poluição, a degradação dos ambientes marinhos e costeiros e a pesca ilegal.
O que você pode fazer para ajudar a salvar os meros da extinção?
- Ajudar a conservar os lugares onde ele vive.
- Cuidar do seu lixo e do seu esgoto.
- Não capturar, comercializar nem consumir espécies ameaçadas de extinção
Criticamente Ameaçado
Os meros estão classificados como Criticamente Ameaçados de extinção e correm o risco de desaparecer. Isso se deve principalmente à poluição, à degradação dos ambientes marinhos e costeiros, e à pesca ilegal.
A poluição de áreas estuarinas e a supressão de áreas de manguezal, ameaça principalmente as formas jovens. Já, a previsibilidade em tempo e lugar das agregações reprodutivas de meros pelos pescadores, aliadas à maturação tardia e longo período de vida, tornaram a espécie altamente suscetível à sobrepesca.
Apesar de viverem por mais de 40 anos, sua reprodução inicia tarde, entre os 6 e 8 anos de idade. O que significa que para protegermos uma geração de meros é preciso mais de duas décadas de cuidados com a espécie.
A primeira inclusão do mero na lista de espécies ameaçadas, ou seja, Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), ocorreu em 1994 como Criticamente em Perigo (CR). Hoje, pela IUCN, em uma escala global, o mero é classificado como Vulnerável (VU), o que não reflete necessariamente a melhora do status das populações mundiais, mas a ausência de dados populacionais.
No Brasil, depois da mais recente avaliação de ameaça, realizada em 2020, a categoria Criticamente em Perigo permanece. Aqui, a captura dos meros está proibida desde 2002, de acordo com a Portaria IBAMA nº 121, que proíbe além da pesca, o transporte, o beneficiamento e a comercialização da espécie em todo o território nacional.