PROJETO MEROS REGISTRA ENCALHES EM ALAGOAS E SANTA CATARINA - Projetos Meros do Brasil

Quatro encalhes de meros foram registrados nos últimos dez dias, saiba porquê esses fenômenos são mais comuns nesta época do ano e como você pode reportá-los

 

É frequente que nessa época do ano haja um aumento nas avistagens e encalhes de meros. Esses eventos acontecem devido a fatores diversos como mudanças abruptas na temperatura da água e movimentos de migração dos meros para as agregações, período em que também ficam mais expostos às interações com a pesca. Além disso, doenças comuns à espécie e poluição podem ocasionar a morte de um mero, que, eventualmente, chegará à costa trazido pelas correntes.

 

Nesta e na última semana, as equipes do Projeto Meros do Brasil, patrocinado pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, receberam notícias de encalhes em Alagoas, nas praias do Trapiche, da Pajuçara e do Francês, e também no litoral catarinense.

 

Em Alagoas, um mero encalhou ainda vivo na praia do Trapiche, porém quando a equipe do Projeto chegou ao local para coletar dados amostrais, o exemplar já estava morto e a carne havia sido distribuída entre pessoas que estavam ali. Ainda, dos outros dois meros foram coletadas amostras de tecido e realizada a análise do conteúdo estomacal. Um deles tinha 2 metros de comprimento e mais de 100 quilos.

 

Vale ressaltar que o consumo do mero é proibido em todo território nacional desde 2002 e a lei vigente é a Instrução Normativa n°13 de 2015. Além disso, estudos em desenvolvimento pela equipe do Meros do Brasil têm mostrado indícios de contaminação por metais pesados, acima dos níveis permitidos pela legislação, fator que torna o consumo nocivo à saúde humana. Esses estudos também têm sido realizados na Flórida, nos Estados Unidos, em que os pesquisadores Chris Koenig, Felícia Koenig e Chris Malinowski publicaram trabalhos (2019) apontando níveis preocupantes de mercúrio, em especial para o consumo de gestantes e crianças.

 

 

Já os encalhes de Santa Catarina, registrados na Praia Grande, em São Francisco do Sul, e na Praia do Tabuleiro, em Barra Velha, foram notificados pelo Projeto de Monitoramento de Praias nos trechos executados respectivamente pela Univille e Univali. Do exemplar de São Francisco foram coletadas amostras de tecido, raios e otólitos - este último são pequenas estruturas rígidas, parecidas com pedrinhas, que ficam na cabeça dos peixes e podem revelar informações importantes como a idade dos meros encontrados.

 

Os meros estão ameaçados de extinção, motivo pelo qual a equipe de pesquisa do Projeto Meros do Brasil trabalha primordialmente com material proveniente de animais vivos a partir de amostragens autorizadas pelo ICMBio, fazendo uso de métodos não letais, ou seja, os exemplares coletados pelo Projeto não sofrem danos e são devolvidos cuidadosamente à natureza.

 

No entanto, diversos estudos que auxiliam na conservação da espécie só são possíveis com a obtenção de amostras de um animal morto. Assim, informar um encalhe é um ato de conservação que nos ajuda a obter dados valiosos de pesquisa, tais como sexo, idade e hábitos alimentares, informações que são difíceis de conseguir a partir da amostragem de exemplares vivos.

 

 

Vi um mero encalhado, o que devo fazer?

 

Agora que você já sabe a importância de notificar um encalhe, atenção! Se avistar um mero vivo ou morto na beira da praia, em uma área de manguezal ou mesmo em alto-mar, procure não manusear o animal e fale conosco.

 

Entre em contato com a Rede Meros ao longo da costa brasileira através das redes sociais ou do Fale Mero, nosso número de WhatsApp (48) 99940-2109. Essa linha também está disponível para ligações. Sua informação é muito importante para a conservação dos meros.

 

Crédito das imagens: Projeto Meros do Brasil e Thiago Felipe de Souza